quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O PRAZER DE FICAR EM CASA
Quando descobri o simpático livro O Prazer de Ficar em Casa, da Letícia Ferreira Braga, na estante de uma livraria não imaginava que naquelas páginas estariam palavras tão inspiradoras.
Desde então, o livro mora na minha cabeceira e de vez em sempre o abro para colher uma ou duas boas dicas para construir um ninho ainda mais doce. Ao pensar no próximo post, percebi que só cuida da própria casa quem tem prazer em estar nela, certo?
Resolvi então dividir com vocês um pouco das inspiradoras e afetuosas colheres de chá de Letícia. Neste post publicarei nossa conversa. Nos próximos posts da semana, dicas retiradas do livro.
Nesta prosa, a autora nos conta como surgiu a idéia de escrever “O Prazer de ficar em casa”, lançado em 2007 pela editora Casa da Palavra. Com despretensiosas 78 páginas, o pequeno livro rapidamente alcançou a marca de mais de 10 mil exemplares vendidos e deu origem uma nova coleção na editora, intitulada “O Prazer de”. Este ano, Letícia publicou seu segundo livro, Coração de Mãe, pela mesma editora.
“Eu não queria mais terceirizar minha vida”. Foi com este pensamento que a escritora Letícia Ferreira Braga decidiu mudar o rumo de sua vida e passou a cuidar de tudo bem de pertinho. Nada de babá para tomar conta da filha Joana e nem de empregada para regar as suas plantas. Viúva muito cedo, Letícia redescobriu o prazer da rotina ao perceber que não há riqueza maior do que poder cuidar de si mesma.
Você tem formação em advocacia, o que te levou a escrever livros?
Eu tive a sorte de nascer em uma família privilegiada e não precisei exercer a profissão de advogada. Mesmo assim, durante o período de 2001 a 2005 trabalhei na editora Casa da Palavra, onde me vi envolvida com os diversos setores da produção literária. Nesta mesma época, vendi um apartamento e um carro muito grandes para mim e minha filha e redimensionei a vida em uma proporção que eu fosse capaz de cuidar. Ao mesmo tempo, decidir abrir mão do “esquemão” que te obriga a ficar pelo menos 9 horas do teu dia fora de casa e optei por ficar em casa. Foi aí que vivenciei um momento de grande transformação, pois descobri o valor de investir o meu tempo no meu crescimento pessoal.
E você decidiu escrever sobre esta transformação?
Um dia comentei que eu sentia um enorme prazer de ficar em casa e editora me pediu para escrever sobre isso. Foi uma delícia escrever!
A rotina da casa passa por cuidar das roupas e plantas, cozinhar, arrumar camas e armários. Como fazer destas atividades - que muitos chegam a considerar "chatas" - uma prática prazerosa?
É olhar para a rotina da casa e perceber nela uma excelente forma de nos conetar aos ciclos da vida. Por exemplo, toda semana planto trigo para fazer meu suco. E isso me dá um enorme trabalho, demora uma para brotar e eu só aproveito durante três dias. Depois começo tudo de novo. Coloco a semente de molho, espero germinar, rego... É sempre igual. Mas é uma delícia acompanhar este ciclo. Me passa uma enorme paz. Vejo a rotina como um fio condutor, o que me dá uma sensação de que está tudo em seu lugar, pode parecer a coisa mais boba, mas é uma ordem da vida e me sinto integrada a ela. Ter esta ordem externa quando a ordem interna fica tão abalada com a correria do dia-a-dia nos dá uma grande sensação de pertencimento. Estamos vivos. E isso pode ser vivivo lavando roupas, cozinhando, perfumando a casa, tomando um delicioso banho aromático...
Que dica você daria a quem acaba de se casar ou está montando a própria casa?
Não se iluda querendo acumular coisas desnecessárias. A incerteza e a insatisfação são inerentes à todo ser humano. Até mesmo a rainha da Inglaterra em seu castelo esta aporrinhada com alguma coisa. Tudo que tenho na minha casa eu uso. Tenho um único armário pequeno na cozinha, com apenas 5 panelas, pois eu não preciso de mais do que isso. Só entra um objeto novo se eu for capaz de dar outro. É contra a vida achar que se pode ser mais feliz acumulando coisas, pois acumular é deixar a energia parada. E vida é movimento!
Crédito: Ilustrações de Joana Penna para o livro O prazer de ficar em casa, da editora Casa da Palavra.
Foto de divulgação/Casa da Palavra
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Biblioteca
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Estou adorando seu blog Manu!Parabéns. Depois dá uma passadinha lá no meu. Estou colocando além de poemas, algumas receitas, dicas de blogs, filmes, viagens etc.
ResponderExcluirBeijosssssssssssssssssssssssssss
http://prosadejanela.blogspot.com
Manuu, que delícia de entrevista. E o texto de abertura também está excelente. Gostei muito! Também quero acompanhar a rotina da minha casa e assim me conectar aos ciclos da vida. A correria acaba nos desconectando de tantas coisas, né, mas eu tento. Parabéns amiga. Beijos, Raquel
ResponderExcluirUma forma deliciosa de exercer a profissão, hein? gostoso como ficar em casa, quando não se tem o que fazer... Posso sugerir um tema?
ResponderExcluir"Como dividir os espaços?" É preciso que cada um tenha o seu espaço de estudo/trabalho na casa? Isso deve ser decidido logo 'de cara' ou a convivência no dia a dia levará ao 'acordo'?...
Beijos! Malu - adorando o chá...
(www.debicicleta.blogspot.com)
Que boa idéia, Malu! Que bom que está gostando do chá, pode tomar quantas xícaras quiser e é ótimo receber sugestões assim =)
ResponderExcluirAdorei a ídéia da divisão dos espaços em casa, como fica a privacidade de cada um, né! Afinal, na hora do amor é tudo lindo... Mas e na hora do trabalho?
Vou preparar este post para debatermos este assunto aqui!